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Avaliação da gestação |
O
encontro das escolas de parteria do México e Brasil significa uma
grande oportunidade de aprofundar o sentido do partejar no contexto
político e social, poucos dias depois de uma manifestação pública
de protesto das parteiras na Argentina (maio), onde um decreto do
Ministério de Saúde daquele país proibia o parto nos domicílios.
No México, a prática do parto natural domiciliar foi reduzida
drasticamente, quando o governo federal condiciona benefícios
sociais para famílias desfavorecidas economicamente ao nascimento em
hospitais. Assim, percebemos um cerco se fechando em diversos países
para o controle do corpo feminino, a limitação das suas escolhas e
direitos, o mecanicismo invasivo e desrespeitoso às vidas que nascem
além da discriminação e desrespeito à tradição das parteiras
desde a ancestralidade.
Sobre
isso, a mestra parteira Suely Carvalho afirma: “Sempre existimos e
sempre existiremos! Nem mesmo as fogueiras da Inquisição da
intolerância conseguiram nos exterminar”. Propõe que as escolas
de parteiras se dediquem em construir as estratégias de resistência,
onde a Roda de Casais grávidos é fundamental para formação de
opinião da sociedade, mas além disso, chama atenção para que, em
todo lugar onde estejamos, nos apresentarmos como parteira, ela afirma: Isso
vai gerar longos diálogos e a nossa responsabilidade de afirmarmos
nossa presença na sociedade. Isso também é um compromisso com a
identidade cultural:
Um país que perdeu suas parteiras tradicionais
perdeu sua identidade cultural, é um país triste.
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D. Meche - Parteira tradicional de Teotitlan Del Valle |
Antes
da década de 90 no Brasil e do trabalho do C.A.I.S. do Parto, a
sociedade não tinha notícias da existência das parteiras
tradicionais, sendo Suely Carvalho a pioneira nesse trabalho e na
construção de metodologias para trabalhar com parteiras e famílias.
Entre elas, a metodologia de capacitação de parteiras tradicionais
absorvida pelo Ministério da Saúde do Brasil, as Rodas de Casais
Grávidos que já existem 14 estados brasileiros e 3 países e já é
copiada inclusive por quem não pratica a tradição ancestral,
conduzidas por parteiras e doulas na Tradição, aprendizes da nossa
escola, ESCTA: Escola de Saberes Cultura e Tradição Ancestral do
CAIS do Parto.
Assim, a ESCTA cumpre um importante papel no Brasil e internacionalmente, onde através de intercâmbios como este, mantêm, fortalece e revitaliza a tradição do partejar e constrói rede. Sermos guardiãs da tradição das parteiras é nossa missão e aqui estamos a cumpri-la!
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