terça-feira, 26 de maio de 2015

Parteiras tradicionais: "sempre existimos e sempre existiremos!"

Avaliação da gestação
 O encontro das escolas de parteria do México e Brasil significa uma grande oportunidade de aprofundar o sentido do partejar no contexto político e social, poucos dias depois de uma manifestação pública de protesto das parteiras na Argentina (maio), onde um decreto do Ministério de Saúde daquele país proibia o parto nos domicílios. No México, a prática do parto natural domiciliar foi reduzida drasticamente, quando o governo federal condiciona benefícios sociais para famílias desfavorecidas economicamente ao nascimento em hospitais. Assim, percebemos um cerco se fechando em diversos países para o controle do corpo feminino, a limitação das suas escolhas e direitos, o mecanicismo invasivo e desrespeitoso às vidas que nascem além da discriminação e desrespeito à tradição das parteiras desde a ancestralidade.

Sobre isso, a mestra parteira Suely Carvalho afirma: “Sempre existimos e sempre existiremos! Nem mesmo as fogueiras da Inquisição da intolerância conseguiram nos exterminar”. Propõe que as escolas de parteiras se dediquem em construir as estratégias de resistência, onde a Roda de Casais grávidos é fundamental para formação de opinião da sociedade, mas além disso, chama atenção para que, em todo lugar onde estejamos, nos apresentarmos como parteira, ela afirma: Isso vai gerar longos diálogos e a nossa responsabilidade de afirmarmos nossa presença na sociedade. Isso também é um compromisso com a identidade cultural: 

Um país que perdeu suas parteiras tradicionais perdeu sua identidade cultural, é um país triste.

D. Meche - Parteira tradicional de Teotitlan Del Valle
Antes da década de 90 no Brasil e do trabalho do C.A.I.S. do Parto, a sociedade não tinha notícias da existência das parteiras tradicionais, sendo Suely Carvalho a pioneira nesse trabalho e na construção de metodologias para trabalhar com parteiras e famílias. Entre elas, a metodologia de capacitação de parteiras tradicionais absorvida pelo Ministério da Saúde do Brasil, as Rodas de Casais Grávidos que já existem 14 estados brasileiros e 3 países e já é copiada inclusive por quem não pratica a tradição ancestral, conduzidas por parteiras e doulas na Tradição, aprendizes da nossa escola, ESCTA: Escola de Saberes Cultura e Tradição Ancestral do CAIS do Parto.

Assim, a ESCTA cumpre um importante papel no Brasil e internacionalmente, onde através de intercâmbios como este, mantêm, fortalece e revitaliza a tradição do partejar e constrói rede. Sermos guardiãs da tradição das parteiras é nossa missão e aqui estamos a cumpri-la!

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